Vinicius Ribeiro - Arquiteto, Urbanista e Professor Universitário

É o meu ponto de vista, mas poderia ser o seu?

Agenda 2030 para 2050?

Vinicius Ribeiro Artigos 22 views 3 min. de leitura

É o meu ponto de vista, mas poderia ser o seu?
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A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de 2024 foi marcada por uma análise aprofundada dos avanços e desafios para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Durante o encontro, líderes mundiais reafirmaram o compromisso com a Agenda 2030 e discutiram o cenário global diante dos desafios climáticos, econômicos e sociais. O evento também destacou a necessidade de reformas na arquitetura financeira internacional e da mobilização de recursos para sustentar o desenvolvimento nos países em desenvolvimento. Uma das propostas centrais foi um estímulo financeiro anual de US$ 500 bilhões para acelerar a implementação dos ODS, especialmente nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e igualdade social, conforme apresentado no Relatório do Secretário-Geral sobre o Trabalho da Organização (A/79/1, septuagésima nona sessão)Link aqui

Vários ODS apresentaram avanços significativos entre 2000 e 2022. A taxa global de pobreza (ODS 1) caiu de 29,3% em 2000 para 9% em 2022, embora o progresso tenha sido prejudicado pelos impactos da pandemia. Na educação primária (ODS 4), a taxa de conclusão passou de 77,4% para 88% no período, refletindo avanços na universalização da educação básica. O acesso à eletricidade (ODS 7) também apresentou progresso substancial, alcançando 91% da população global em 2022. Na área da saúde (ODS 3), a taxa de mortalidade neonatal diminuiu de 30,7 por mil nascidos vivos em 2000 para 17,3 em 2022, evidenciando a importância de políticas públicas de saúde. Além disso, o número de países que submeteram Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para mitigação das mudanças climáticas (ODS 13) aumentou de 2 em 2000 para 194 em 2022, sinalizando maior engajamento global na ação climática.

No entanto, alguns objetivos continuam a enfrentar desafios persistentes. A preservação da vida terrestre (ODS 15) é um desses exemplos, com a área florestal global caindo de 41,582 milhões de hectares em 2000 para 40,589 milhões de hectares em 2022, evidenciando a necessidade de ações mais robustas para restaurar ecossistemas. A igualdade de gênero (ODS 5) permanece distante: a representação feminina nos parlamentos passou de 13,3% em 2000 para 26,9% em 2022, um avanço insuficiente para superar a sub-representação das mulheres. A participação do trabalho no PIB (ODS 10) também caiu — de 54% em 2004 para 52,7% em 2022 — revelando disparidades de renda crescentes. Outro ponto crítico é a assistência oficial ao desenvolvimento (ODS 17), como porcentagem da Renda Nacional Bruta, que atingiu apenas 0,37% em 2022, muito abaixo da meta de 0,7%, limitando o financiamento de políticas globais de promoção do desenvolvimento sustentável.

A continuidade dos ODS é vital para garantir um futuro sustentável e equitativo. Esses objetivos funcionam como um roteiro para erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e assegurar prosperidade para todos, orientando políticas públicas e promovendo a cooperação internacional. É essencial que os países permaneçam comprometidos com essas metas de longo prazo, assegurando que o desenvolvimento sustentável seja um esforço contínuo e inclusivo, especialmente diante dos desafios climáticos, sociais e econômicos que o mundo enfrenta.

No entanto, para que os ODS continuem sendo uma ferramenta eficaz de transformação global, é crucial atualizá-los, considerando os avanços tecnológicos e as novas realidades sociais e econômicas das últimas décadas. A pesquisa científica, a inovação e a tecnologia desempenham papéis centrais no desenvolvimento sustentável e precisam ser mais profundamente integradas às metas. Também é fundamental que essa atualização aborde as crescentes disparidades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, cujas capacidades e desafios são significativamente diferentes. Uma abordagem renovada é necessária, especialmente para fortalecer a resiliência das nações mais vulneráveis a crises financeiras e desastres naturais, que frequentemente dificultam seu progresso rumo ao desenvolvimento sustentável.

Nesse contexto, propõe-se a criação dos ODS 2050, uma atualização estratégica e necessária dos ODS 2030. Essa nova fase de metas globais se concentraria na incorporação dos avanços da ciência e da tecnologia, aproveitando esse progresso para acelerar as metas de sustentabilidade. Simultaneamente, a proposta enfatizaria a necessidade de equidade entre as nações, garantindo que os países em desenvolvimento recebam o apoio necessário para enfrentar os desafios atuais. Além de abordar questões fundamentais como pobreza, saúde e educação, os ODS 2050 ampliariam seu escopo ao incorporar metas relacionadas à inovação, digitalização e criação de cidades inteligentes e resilientes.

Os novos objetivos também colocariam o bem-estar humano no centro da agenda de desenvolvimento, reconhecendo que a felicidade e a qualidade de vida nas cidades são essenciais para o futuro da sustentabilidade global. Ao priorizar o desenvolvimento urbano — onde se concentram as principais inovações e desafios do século XXI —, os ODS 2050 buscariam transformar as cidades em ambientes prósperos, inclusivos e sustentáveis, promovendo o desenvolvimento humano como parte integrante do conceito de sustentabilidade. Essa abordagem ampliada garantiria não apenas prosperidade econômica, mas também inclusão social e preservação ambiental, formando a base de um desenvolvimento sustentável verdadeiramente abrangente.

A proposta dos ODS 2050 é pessoal e reflete a convicção de que, embora avanços significativos tenham sido alcançados, ainda há muito a ser feito. Estamos no caminho certo, mas é imperativo acelerar as ações de mitigação para enfrentar de maneira mais eficaz as crises globais. A inércia de muitos atores globais representa um risco considerável para o sucesso das metas atuais. O momento exige mais ação, colaboração e mobilização de recursos, para que possamos enfrentar com urgência os desafios que ameaçam o futuro do planeta e das próximas gerações.

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